Governo regulamenta pagamentos através de dispositivos móveis
O governo publica hoje, no Diário Oficial da União, a Medida Provisória 615 que regulamenta pagamentos por meio de dispositivos móveis, como os celulares. O texto define, entre outras coisas, o que é arranjo de pagamento, considerado um conjunto de regras e procedimentos que disciplina a prestação de serviços de pagamento ao público, pagamento este aceito por mais de um recebedor.
Pela norma, “o Banco Central do Brasil, o Conselho Monetário Nacional, o Ministério das Comunicações e a Agência Nacional de Telecomunicações estimularão, no âmbito de suas competências, a inclusão financeira por meio da participação do setor de telecomunicações na oferta de serviços de pagamento e poderão, com base em avaliações periódicas, adotar medidas de incentivo ao desenvolvimento de arranjos de pagamento que utilizem terminais de acesso aos serviços de telecomunicações de propriedade do usuário.”
Segundo o texto, a instituição de pagamento pode disponibilizar serviço de aporte ou saque de recursos mantidos em conta de pagamento e executar ou facilitar a instrução de pagamento relacionada a determinado serviço de pagamento, inclusive transferência originada de ou destinada a conta de pagamento, além de outras atividades relacionadas à prestação de serviço de pagamento, designadas pelo BC.
Em abril, o diretor de Política Monetária do BC, Aldo Luiz Mendes, disse que o governo estava preparando a medida provisória. Segundo ele, o pagamento por dispositivos móveis é importante não apenas para reduzir os custos das transações financeiras como para aumentar a inclusão bancária no país.
Na época, o diretor disse que a medida provisória teria cinco objetivos principais: regulamentar essas operações, mesmo quando o serviço não é feito por instituições financeiras; impedir a lavagem de dinheiro e a transferência de recursos para fins terroristas; estimular o compartilhamento de infraestrutura entre bancos e operadoras de telefonia; aumentar a competição e proteger o consumidor, garantindo-lhe liberdade de escolha, segurança e privacidade.
A MP define figuras integrantes do ecossistema de pagamento móvel, como arranjo de pagamento, instituidor de arranjo de pagamento e instituição de pagamento.
O arranjo de pagamento permite que instituições que não sejam essencialmente financeiras, como bancos, possam oferecer esses serviços de pagamento por celular, tornando-se uma instituição de pagamento.
O ecossistema de pagamento móvel poderá:
Carteira eletrônica
Segundo o Ministro das Comunicações, Paulo Bernardo, "com esta medida o celular pode se transformar numa carteira eletrônica. A pessoa carrega um crédito e vai fazendo seus pagamentos".
Será um serviço de grande utilidade que irá beneficiar milhões de pessoas que hoje não têm acesso a conta de banco, cartão de crédito, mas têm acesso à telefonia celular. "São tecnologias muito simples e qualquer pessoa que tem um celular saberá operar".
Levantamento realizado pela Secretaria de Telecomunicações do Ministério das Comunicações indica que 86% das Classes D e E do país fazem exclusivamente pagamento em dinheiro. Portanto, segundo o Ministro, "é mais conveniente para o cidadão ter um sistema como este, é mais seguro e prático".
O objetivo principal do pagamento móvel é a inclusão financeira e para o Ministro a chave do sucesso é a capilaridade do celular que hoje já existe no Brasil em número maior que de habitantes. Em abril de 2013, eram 264,55 milhões de celulares ativos e quatro grandes operadoras com cobertura nacional, além de operadores menores que atuam juntos em 100% dos municípios brasileiros. Desses, 211,22 milhões (79,84%) são acessos pré-pagos e 53,33 milhões pós-pagos (20,16%).
O pagamento através de dispositivos móveis não é exatamente uma novidade e começou logo após a expansão do comércio eletrônico no mundo. A partir do desenvolvimento do e-commerce, o serviço continua evoluindo e se massificando, abrindo oportunidades tanto para o governo como para a iniciativa privada e principalmente, para os cidadãos.
Os benefícios identificados são muitos ao reduzir a circulação de numerário e assim garantir maior segurança e comodidade ao usuário pessoa física que não tem ou não podem ter uma conta bancária ou um cartão de crédito. Facilita a transferência de dinheiro entre pessoas físicas e facilita o pagamento de contas e mercadorias, uma vez que o cartão na forma plástica não é mais necessário.
Para o mercado garante maior rapidez, segurança e eficiência nas transações, além de abrir novas oportunidades para novos modelos de pagamento, novas empresas e a inclusão de novos clientes para os bancos.
O Secretário de Telecomunicações, Max Martinhão, destaca ainda as possibilidades tecnológicas para smartphones, novas parcerias entre empresas bancárias, operadoras de telefonia e novos players. Além disso, afirmou que o governo está empenhado em "fornecer as condições regulatórias necessárias e suficientes para o desenvolvimento dos serviços de pagamento via celular no Brasil, um modelo que seja seguro, competitivo, interoperável, universal e de baixo custo para o cidadão".
Fonte IDG