Pequenos crescem no e-commerce e já faturam R$ 1,5 bilhão
Sites de compras coletivas e redes sociais ampliam alcance do setor
Paulo Justus
SÃO PAULO - Com mais vitrines virtuais à disposição, que vão dos sites de compras coletivas ao Facebook, as pequenas empresas ganharam espaço no comércio eletrônico. No primeiro semestre de 2011, elas responderam por 8% do faturamento das vendas on-line, ante 7% em 2009 e 2010, de acordo com a consultoria E-bit. Parece pouco, mas isso significa que o faturamento desses pequenos ne$ócios pode ter chegado a R$ 1,5 bilhão no fechamento do ano, caso o comércio eletrônico como um todo tenha faturado os R$ 18,7 bilhões previstos pela E-bit.
— Neste ano, a expectativa é que, no mínimo, essa participação das pequenas empresas se mantenha — diz Cris Rother, diretora da E-bit.
Milhares de pequenos negócios entram na rede a cada ano. A projeção da consultoria E-Consulting Corp é que o número de pequenas empresas no mercado brasileiro cresça a uma taxa de 15% ao ano em três anos.
— Os pequenos crescem com serviços e produtos personalizados, pois os produtos padronizados são dominados por grandes varejistas — diz Daniel Domeneghetti, da E-Consulting.
Eduardo L’Hotellier criou o portal GetNinjas em outubro, para promover a compra e a venda de serviços. O site já chegou à marca de dois mil ofertantes cadastrados (dobrou em 15 dias) e quer fechar o ano com 100 mil. Nele, há desde serviços de consertos domésticos até a $ção de logotipos, por valores que vão de R$ 20 a R$ 6 mil.
Os sites de compras coletivas também auxiliam as pequenas. Segundo a E-bit, eles concentram 6,5 milhões de usuários, entre os 32 milhões do e-commerce brasileiro. No Peixe Urbano, cerca de 75% dos ofertantes são de pequenas ou médias empresas. De olho nesse mercado, a Negócios Urbanos montou site de compras coletivas em que todos os compradores e 90% dos vendedores são pequenos.
Moda e produtos ligados a design em expansão
O comércio de moda e produtos ligados a design também tem atraído muitos empreendedores para a rede. Entre os cinco primeiros ramos de atividade das lojas cadastradas na plataforma de lojas virtuais MercadShops, três têm a ver com esses setores: decoração, vestuário e calçados e beleza. O portal, aliás, completou um ano em janeiro e já conta com mais de 23 mil vendedores brasileiros cadastrados, entre os 36 mil da América Latina.
E os sites de moda têm muito a crescer no Brasil. A loja virtual de calçados e acessórios femininos olook é um exemplo. Lançado em 12 de dezembro, o site já tem mais de mil produtos vendidos e 400 clientes cadastrados.
— No Brasil, a participação dos artigos de moda no comércio eletrônico é pequena, entre 2% e 4%, muito abaixo dos 20% de mercados maduros, como França e Alemanha — afirma André Beisert, sócio da olook, que almeja ter um milhão de pessoas cadastradas.
De olho nesse mercado, o empresário Thiago Santos e outros dois sócios fundaram a E2E no início do ano. A empresa fornece a infraestrutura de comércio eletrônico para lojas de moda já existentes, desde o serviço de logística até a plataforma de transações eletrônicas:
— Estamos com dois projetos em curso. Até o fim do ano devemos atender 30 clientes e movimentar R$ 20 milhões/ano.
As redes sociais também entraram na estratégia de Ludmilla Mancilha como uma forma de fechar as vendas dos biscoitos e compotas decoradas de sua empresa, a Milla Mancilha. Hoje, cerca de 70% de suas vendas são fechadas pela internet, por meio do Facebook ou do site. O boca a boca virtual, diz, já levou seus produtos até para a Suíça.
— Pelo site, atendemos clientes aqui em São Paulo e também para o Rio — afirma.
Novas tecnologias vão baratear custos, diz Fecomércio
O segmento de B2B (negócios para negócios, na sigla em inglês) tem trazido muitas pequenas empresas para o e-commerce, ainda que muitas vezes por imposição do comprador, diz o coordenador de Tecnologia da Informação da FGV, Alberto Luiz Albertin. No B2C (vendas para o consumidor), segundo ele, o que tem impulsionado os negócios é o amadurecimento dos clientes.
Para Carlos Curioni, sócio do portal de comércio de artesanatos Elo7, que reúne 70 mil artesãos, o aumento da confiança do consumidor virtual foi fundamental para a expansão. Em 2011, o portal dobrou as vendas e pretende triplicá-las em 2012.
— Mais de 10% da população brasileira já fizeram transações on-line — lembra.
A chegada de tecnologias, como computação em nuvem, deve facilitar a entrada de pequenos e baratear os custos, para Paulo Roberto Feldman, presidente do Conselho das Pequenas e Micro Empresas da Fecomércio-SP.
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