Febre das compras coletivas online chega com força ao Brasil
IDG!Now
Apoiados no sucesso dos clubes de compras, três serviços estreiam no País oferecendo descontos de até 90% em restaurantes, hotéis e até spas.
O brasileiro finalmente descobre novas formas de comprar pela internet – e com muito mais economia. Pelo menos três sites lançados nas últimas semanas trazem para o Brasil o conceito de consumo coletivo.
Eles são uma extensão dos clubes de compras online – que, inicialmente restrito a convidados, começam a se abrir para todos os internautas.
Um dos pioneiros em consumo coletivo online no Brasil é o Peixe Urbano. inaugurado em março no Rio de Janeiro, ele chegou a São Paulo um mês depois. Os paulistanos receberam há duas semanas o e terão, nos próximos dias, o Coletivar.
Esses sites dão continuidade ao sucesso de clubes de compras online, como a . A empresa, de origem espanhola, surgiu no Brasil em janeiro de 2009. Nesse tempo, diz ter agregado 1 milhão de sócios no País.
O princípio das compras coletivas é simples. Assim que uma oferta é anunciada no site – com descontos que, em alguns casos, podem chegar a 90% -, os internautas são convidados a aderir. A confirmação se dá mediante pagamento (em alguns casos, basta a pré-aprovação da transação no cartão de crédito).
A oferta só passa a valer quando um número mínimo de adesões é atingido. Quando isso ocorre, o pagamento é realmente efetivado e os participantes recebem, por e-mail, um cupom ou voucher para apresentar à empresa conveniada
Os clubes de compras são diferentes. Não há quantidade mínima para que a oferta comece a valer. E, embora vários clubes de compras sejam restritos a convidados, a Privalia também admite o cadastro direto, sem necessidade de apresentação por associado – uma novidade no setor.
Dos EUA
“Conhecemos o modelo de negócio [do consumo coletivo] no fim do ano passado, nos EUA, com o Desde então passamos a estudá-lo”, comenta um dos sócios do Coletivar, Heitor Chaves.
Trazido para o Brasil, este modelo não precisou passar por adaptações, pelo menos no aspecto operacional, explica Guilherme Wroclawski, também sócio do Coletivar. “Na parte de parcerias, contudo, somos bem criteriosos. Para conseguir retorno de compra, temos de ter padrões elevados de parceria no site”, diz.
Os sócios não revelam quanto investiram no projeto, mas confirmam ter utilizado apenas recursos próprios. “Fomos sondados por investidores e estamos abertos à análise de investimento, mas acreditamos bastante no negócio e queremos primeiro que ele aconteça”, explica Wroclawski.
Modelo parecido foi seguido por Júlio Vasconcelos, um dos diretores do site Peixe Urbano. “Já estava procurando um projeto de internet quando vi o início da febre das compras coletivas no início de 2009, nos EUA”, conta. “Percebi que a combinação de compras com desconto e rede social seria sucesso no Brasil”.
Vasconcelos é cauteloso ao revelar números. Mas conta que, logo no primeiro mês de operação, em março, a base de cadastrados no Peixe Urbano dobrou. Em abril, o serviço foi estendido a São Paulo, e nos próximos dias vai abranger também Curitiba. “No Rio, onde começamos, já temos lista de espera de algumas semanas para as promoções”, comemora.
A história do ClickOn tem diferenças, aponta o CEO Marcelo Macedo, especialmente na velocidade de implantação. Em dezembro de 2009, ele conhecia o GroupOn. Cinco meses mais tarde, em 10/5, o site entrava no ar, inicialmente com ofertas para São Paulo.
Surpresa
A audiência tem surpreendido Macedo. “Em duas semanas, conseguimos 100 mil usuários cadastrados, e nenhuma oferta deixou de alcançar a quantidade mínima”, revela. O site publica uma oferta a cada dois dias, em média.
Os planos da ClickOn incluem a expansão para outras capitais e o aumento do número de usuários para 1 milhão até o fim de 2010. Para isso, contam com o apoio de sócios investidores, dois alemães e um brasileiro, que aplicaram 17 milhões de reais no negócio.
Tanto o Peixe Urbano como o ClickOn e o Coletivar apostam em parcerias concentradas em serviços, como hotéis, bares, restaurantes e entretenimento.
A opção pela oferta de serviços foi proposital. “Lidar com produtos é um pouco mais delicado, pois envolve logística e limite máximo de peças”, explica Wroclawski, da Coletivar.
Vasconcelos, do Peixe Urbano, também foca em serviços. “Ofertas de produtos são raras. Só se forem novidade”, diz. A política do site é publicar apenas uma oferta de cada vez, por cidade, por dia. “Queremos preservar a simplicidade”, enfatiza.
A seu favor, o publicitário tem as estatísticas de experiências similares nos EUA. “Lá, de cada dez pessoas que consomem [via sites de compras coletivas], oito voltam”, revela Chaves.
Foco em produtos
Na Privalia, o foco são produtos. “Itens de moda são 70% das ofertas”, conta a gerente de marketing Thaiza Estevão. “Desde o início de 2010 também oferecemos utilidades domésticas, roupas de cama e eletroportáteis.”
Em moda, a Privalia costuma oferecer pontas de estoque e itens de coleções passadas de produtos de grife – um modelo de negócio idêntico ao da matriz espanhola. “Para quem produz, o custo de comercialização pela Privalia é inferior ao de um outlet”, argumenta Thaiza.
A Privalia também se diferencia por se encarregar da logística de distribuição, efetuada por parceiros. “Nós negociamos com as marcas, fazemos uma pré-reserva, recebemos os pedidos de compra e só então repassamos para o cliente final”, explica a gerente.
Curiosamente, as mulheres despontam nesse tipo de comércio. Na base de cadastros do Peixe Urbano, há equilíbrio entre os sexos, mas na hora da compra elas respondem por 75% das confirmações. Beleza, entretenimento e restaurantes são os serviços mais populares.
Na Privalia, o perfil demográfico é parecido. “Cerca de 70% dos clientes são mulheres”, conta Thaiza. Sinal de que, quando o assunto é economizar na web, as mulheres têm sido mais rápidas no clique.